Educação versus Carnaval
Queremos uma cidade foliã ou uma comunidade de analfabetos?
Kerginaldo Pinto, então secretário, atual prefeito, Rodrigo Aladim e Flávio Veras com uma ordem de serviço para a reforma da Escola Municipal Padre João Penha Filho em 2012. Quase nada mudou. |
Na última segunda-feira 18, na abertura da
Semana de Estudo Pedagógico 2013, o prefeito constitucional Kerginaldo Pinto
(PMDB) falou pela primeira vez para os profissionais do magistério.
Acompanhado do secretário da Educação, além
de outras autoridades, o prefeito, na sua mensagem, falou o que a Educação
macauense não aguenta mais ouvir.
Para quem esperava novidades, o discurso
não mudou muita coisa daqueles proferidos nos últimos oito anos da
administração do seu mentor político.
A diferença estava na elaboração da fala. Nos discursos passados, as
mensagens eram bem mais elaboradas. Como foi o primeiro, este aspecto não tem
muita importância, e poderá ser contornado.
Para além do que foi dito, mais importante
seria a mensagem que estava sendo esperada. Foram feitas promessas, como antes.
E não se ouviu uma única palavra do prefeito sobre a urgente necessidade de valorização
do professor.
Na questão espinhosa da queda alarmante
dos níveis de aprendizagem dos alunos das escolas da rede pública do município
de Macau, nada foi falado. Talvez o chefe do executivo não tenha sido
devidamente informado, que nossos alunos apresentam um nível crítico,
preocupante, na leitura e na escrita.
Ainda em 2012, o secretário da Educação,
em entrevista a um periódico da cidade, afirmou que "a educação de Macau
não evoluiu." Mantido na pasta, Rodrigo Aladim apelou para a
conscientização de todos os segmentos para que a Educação de Macau comece a
andar em direção contrária ao abismo que se aproxima, em virtude da
inexistência de uma política pública do setor comprometida com a população
usuária da escola pública municipal.
Os programas alardeados nos últimos oito
anos tiveram vida curtíssima. As propostas, idem. A propaganda, entretanto,
sempre foi a mais barulhenta possível.
Os números do IDEB, entretanto, botaram
abaixo a farsa de uma Educação melhor. A feira distribuída no ano eleitoral foi
outro engodo. Nossos alunos da rede municipal, a cada ano, notadamente nos
últimos oito anos da administração Flávio Veras (PMDB), vem aprendendo menos.
O prefeito Kerginaldo Pinto, na sua
empolgação ao falar para os professores, reconheceu a importância que a
educação teve na sua vida, mas suas palavras como gestor da sua cidade não
apontam para a possibilidade de mudanças que transformem a vida de crianças e
adolescentes a partir da educação oferecida.
Numa cidade cujo investimento no carnaval
é estratosférico - o prefeito anunciou na imprensa do estado que seriam
investidos 4 milhões de reais -, é vergonhoso que o ano letivo ainda não tenha
começado (as aulas já começaram nas redes particular e estadual) porque o novo
governo, que diz caminhar para o futuro, não tenha dado a prioridade ao setor
mais importante para o desenvolvimento da comunidade.
Entre priorizar a educação, o prefeito
escolheu pensar no carnaval. enquanto isto, cerca de 4.500 alunos estão
esperando, vivendo mais um atraso, para o início do ano letivo. A secretaria sequer
sabe informar com certeza quando isto vai acontecer.
Kerginaldo Pinto falou da sua vida escolar
na infância e na adolescência, ressaltando a importância dos educadores na sua
formação até a universidade. Tornado prefeito, as crianças e os adolescentes
matriculados nas escolas sob sua responsabilidade já começam, no seu primeiro
ano de governo a sentir na pele o descaso.
O carnaval da educação é este: o prefeito
pediu que esperassem 24 meses para que todas as escolas do município estejam
dentro de padrões de infraestrutura que possam contribuir para a melhoria do
espaço físico.
A creche
da Cohab continuará funcionando num prédio residencial. As creches da sede do
município estão sendo, ainda, reformadas. Os professores, provavelmente,
somente serão contratados na segunda semana de março. Os diretores escolares
indicados por vereadores e pessoas influentes na administração passada estão em
trabalho voluntário desde o início do ano. O Grafith já é certeza para o
carnaval de 2014. O ano letivo, talvez comece novamente atrasado, como ocorre
hoje.
E no futuro... Seremos uma cidade foliã? Ou uma cidade
de analfabetos?
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