quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013


Educação versus Carnaval
Queremos uma cidade foliã ou uma comunidade de analfabetos?
Kerginaldo Pinto, então secretário,  atual prefeito, Rodrigo Aladim e Flávio Veras com uma ordem de serviço para a reforma da Escola Municipal Padre João Penha Filho em 2012. Quase nada mudou.

Na última segunda-feira 18, na abertura da Semana de Estudo Pedagógico 2013, o prefeito constitucional Kerginaldo Pinto (PMDB) falou pela primeira vez para os profissionais do magistério. 
Acompanhado do secretário da Educação, além de outras autoridades, o prefeito, na sua mensagem, falou o que a Educação macauense não aguenta mais ouvir.
Para quem esperava novidades, o discurso não mudou muita coisa daqueles proferidos nos últimos oito anos da administração do seu mentor político.   A diferença estava na elaboração da fala. Nos discursos passados, as mensagens eram bem mais elaboradas. Como foi o primeiro, este aspecto não tem muita importância, e poderá ser contornado.
Para além do que foi dito, mais importante seria a mensagem que estava sendo esperada. Foram feitas promessas, como antes. E não se ouviu uma única palavra do prefeito sobre a urgente necessidade de valorização do professor.
Na questão espinhosa da queda alarmante dos níveis de aprendizagem dos alunos das escolas da rede pública do município de Macau, nada foi falado. Talvez o chefe do executivo não tenha sido devidamente informado, que nossos alunos apresentam um nível crítico, preocupante, na leitura e na escrita.
Ainda em 2012, o secretário da Educação, em entrevista a um periódico da cidade, afirmou que "a educação de Macau não evoluiu." Mantido na pasta, Rodrigo Aladim apelou para a conscientização de todos os segmentos para que a Educação de Macau comece a andar em direção contrária ao abismo que se aproxima, em virtude da inexistência de uma política pública do setor comprometida com a população usuária da escola pública municipal. 
Os programas alardeados nos últimos oito anos tiveram vida curtíssima. As propostas, idem. A propaganda, entretanto, sempre foi a mais barulhenta possível.
Os números do IDEB, entretanto, botaram abaixo a farsa de uma Educação melhor. A feira distribuída no ano eleitoral foi outro engodo. Nossos alunos da rede municipal, a cada ano, notadamente nos últimos oito anos da administração Flávio Veras (PMDB), vem aprendendo menos.
O prefeito Kerginaldo Pinto, na sua empolgação ao falar para os professores, reconheceu a importância que a educação teve na sua vida, mas suas palavras como gestor da sua cidade não apontam para a possibilidade de mudanças que transformem a vida de crianças e adolescentes a partir da educação oferecida.
Numa cidade cujo investimento no carnaval é estratosférico - o prefeito anunciou na imprensa do estado que seriam investidos 4 milhões de reais -, é vergonhoso que o ano letivo ainda não tenha começado (as aulas já começaram nas redes particular e estadual) porque o novo governo, que diz caminhar para o futuro, não tenha dado a prioridade ao setor mais importante para o desenvolvimento da comunidade.
Entre priorizar a educação, o prefeito escolheu pensar no carnaval. enquanto isto, cerca de 4.500 alunos estão esperando, vivendo mais um atraso, para o início do ano letivo. A secretaria sequer sabe informar com certeza quando isto vai acontecer.
Kerginaldo Pinto falou da sua vida escolar na infância e na adolescência, ressaltando a importância dos educadores na sua formação até a universidade. Tornado prefeito, as crianças e os adolescentes matriculados nas escolas sob sua responsabilidade já começam, no seu primeiro ano de governo a sentir na pele o descaso.
O carnaval da educação é este: o prefeito pediu que esperassem 24 meses para que todas as escolas do município estejam dentro de padrões de infraestrutura que possam contribuir para a melhoria do espaço físico.
 A creche da Cohab continuará funcionando num prédio residencial. As creches da sede do município estão sendo, ainda, reformadas. Os professores, provavelmente, somente serão contratados na segunda semana de março. Os diretores escolares indicados por vereadores e pessoas influentes na administração passada estão em trabalho voluntário desde o início do ano. O Grafith já é certeza para o carnaval de 2014. O ano letivo, talvez comece novamente atrasado, como ocorre hoje.
E no futuro... Seremos uma cidade foliã? Ou uma cidade de analfabetos?

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