quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Professor, comemorar o quê?

DIA DO PROFESSOR - NADA A COMEMORAR
Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho – Paulo Freire”

O professor de Macau recebe notícias neste 15 de outubro, dos quatro cantos do país dando conta de frases de efeito, de poemas, de citações de grandes mestres com as costumeiras felicitações...E de vergonha.

As felicitações pregam a esperança (uma esperança, porém, que esconde a face vergonhosa da acomodação, e do imobilismo e da desvalorização)...

Dos quatro cantos do país chegam notícias assustadoras...

O poder, constituído pelo povo, o Estado, na sua bestialidade, utiliza-se do seu braço armado para literalmente, à força de cassetetes, gás de pimenta e ferozes cães botar por terra todas as felicitações que as notícias eventuais trazem... E, nos quatro contas do país o profissional da educação, o Professor, se vê diante do imponderável: um cassetete quebrado, um policial militar fardado e a rede social escancarando a ignomínia...

As notícias da Terra de Hianto de Almeida, de Edinor Avelino, do incansável Benito Barros, de Gabi e de tantos outros mestres não são diferentes há muito tempo...

O professor de Macau, neste dia 15 de outubro não se atreve a dizer que é um dia de comemoração.

Macau e os seus gestores desrespeitam os seus educadores! E assim desrespeitam a sociedade. Desrespeitam a Lei do Magistério municipal, desrespeitam a Lei do Piso Salarial Nacional. Desrespeitam assim os compromissos e as promessas, desrespeitam a decência que deveria existir nas relações sociais entre a comunidade e a categoria mais importante para o seu desenvolvimento. Neste dia, em que nos felicitam como mestres, como pessoas importantes etc. e tal, Macau nos envergonha!

Os professores da rede estadual não sabem o que é valorização. A governadora do estado impôs uma agenda negativa para a Educação do Rio Grande do Norte desde o seu primeiro ato.

Em Macau, cerca de 80 professores, na cidade cuja administração tem como lema o “compromisso com o futuro”, teve os seus pagamentos suspensos sem nenhuma justificativa da secretaria da Educação nem do prefeito...

O professor macauense desdobra-se para cumprir sua missão de educar em meio a esse emaranhado de injustiça e descaso. Diante desta vergonha, diante da desvalorização, nos resta a consciência de que não é somente o ato de Educar, de ensinar, que nos liga à eternidade. A nossa existência como profissional da Educação é um ato de resistência e de luta! E resta a nossa dignidade!

Dignidade para nos alimentar na luta pela nossa valorização!

Adiante, professores e professoras macauenses! 

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