Macau 2030, 2020 ou nunca?

Domingo na Escola

 O convite hoje, nas intenções, é semelhante ao junho de 2009. Armou-se na terra das salinas o circo, como nos tempos de Caesar, quando os leões se alimentavam de carne humana lançada pelos editos dos Imperadores. Da antiga Roma aos nossos dias, muitas coisas mudaram, muitos impérios ruíram, embora perdure ainda o pensamento megalomaníaco dos imperadores. O espetáculo era o Fórum Macau 2030.



Flávio Veras: O amadurecimento da educação através de uma discussão mais ampla e abrangente com os pais, alunos, professores com os profissionais da educação para que se chegue a um resultado satisfatório para todos".



Hoje, domingo 4 de dezembro de 2011, em dois atos, o espetáculo é o mesmo apenas com o nome e o convite diferentes. O primeiro ato é o “Programa Nossa Educação Melhor”. O segundo ato é o “Domingo na Escola”.

Segundo mandou dizer o prefeito aos vereadores da sua bancada, num papel branco com tintas pretas, “que toda família que tiver menores ou adultos na rede Municipal de Ensino, representado por sua genitora ou responsável, no caso de ser menor, que de forma facultativa aderir ao Programa de Avaliação Semestral de Rendimento Escolar – ARE, de imediato, fará jus a cesta básica mensal ou alternativamente e a critério do Poder Executivo, pecuniária no valor máximo de R$ 150,00 (cento e cinqüenta reais).

Uma pausa para perguntas que algum incauto incrédulo faria. Se a avaliação é semestral, por que o imediato pagamento da pecuniária ou a entrega da cesta básica? Se a genitora, ou responsável, aderir ao tal programa, então, o resultado das pesquisas de intenção de voto... Perdão, o resultado semestral de rendimentos do aluno vai interferir no pagamento pecuniário ou na entrega da cesta básica? Se o resultado interferir no direito de recebimento, por que então a lei diz que, aderindo, a genitora fará jus imediatamente à pecuniária e à cesta básica? Então, para que uma avaliação? O programa foi aprovado pelos sete magnânimos e honoráveis edis com a sutil vigência retroativa a 1º de novembro de 2011.

A se acreditar nos fóruns que discutem o desenvolvimento de Macau nos últimos sete anos, o referido programa talvez se encerre somente em 2030, haja vista não ter a lei delimitado o período de vigência. Ou se encerre mesmo em outubro de 2012...

Num exercício de futurologia, contando com os gestores da escola onde serão inaugurados os dois programas acorrerão, devidamente “convidados os diretores e vice-diretores de todas as escolas da rede municipal. Será visível o constrangimento de alguns, embora outros se sintam como se fossem o próprio Rei.

Além dos gestores escolares, certamente, a certa distância estarão – lembre-se que esta passagem é um exercício de futurologia – os seres responsáveis pelos lançamentos dos fogos de artifício. Deverão estar presentes os assessores especiais do poder legislativo, assim como os sete membros da bancada governista... Sem esquecer os secretários-gerentes – alguns visivelmente constrangidos como têm ocorrido nos últimos espetáculos -, e mais uma paia de gente que comporá a claque. Para o bem e para o mal, se fará presente, com os seus acordes harmoniosos, a Furiosa Monsenhor Honório. E os indefectíveis assessores de comunicação, os oficiais e os que almejam o lugar dos atuais oficiais... Bebuns eventuais não faltarão.

O Fórum Macau 2030 tem, entre seus objetivos, segundo as palavras do prefeito Flávio Veras, “O amadurecimento da educação através de uma discussão mais ampla e abrangente com os pais, alunos, professores com os profissionais da educação para que se chegue a um resultado satisfatório para todos”, implantar laboratório de informática com internet em todas as escolas do município do ensino fundamental.

Um reparo, a bem da verdade, no caso da implantação dos laboratórios de informática: embora a data prevista para a implantação fosse definitiva o ano de 2009, os citados laboratórios ainda não foram implantados talvez, em virtude da falta de recursos ou por causa do período de transição com as mudanças de secretários. Os estudantes, os pais e mães ou responsáveis, os diretores e vice-diretores, entretanto, não devem reclamar porque o prazo do Fórum vai até 2030, e assim haverá tempo de sobra para que a questão seja novamente discutida. Quem sabe em 2020, dez anos antes do fim do prazo, o problema não esteja devidamente... esquecido?

È bom frisar, antes que aves de mau agouro venham despejar desconfiança sobre os programas governamentais do prefeito Flávio Veras e sua equipe de gerentes, que 10 anos nem vai nem vem, e que, apesar dos pequenos contratempos, como a falta de professores, a precariedade da estrutura física, a falta de quadra esportiva nas escolas, seis meses sem merenda, a precariedade do transporte escolar, a falta de pessoal de apoio, a não realização de concurso público, a centralização de todas as ações, o troca-troca de secretários, a falta de colchonetes nas creches, a falta de valorização dos professores, tudo o que o prefeito Flávio Veras quer é preparar para entrar 2010 (não, caro leitor, 2010 não é erro de digitação) atendendo plenamente as necessidades do alunado e da secretaria de educação. 

Merece confiança?