sexta-feira, 8 de março de 2013


Juvina Costa da Silva
8 de março de 1928. Nascia, filha de Dindinha e Manoel Bernardino, Juvina Costa da Silva, Minha mãe. E o mundo, através dela, naquele dia, ganhava mais uma entidade, mais uma instituição, mais uma poesia, mais um grito de dor e de revolta, mais uma fêmea, mais uma menina, mais uma moça, mais uma Mulher. E eu, sem sabê-lo, já tinha garantida a minha mãe!

Setenta e cinco anos antes, nascia o motivo desta simples homenagem. Mulheres foram queimadas vivas pelos seus patrões, trancadas num galpão. Mulheres que gritavam pelos seus maridos e filhos, mulheres que gritavam pelos seus direitos de cidadãs, mulheres que gritavam pela Liberdade do Mundo... Nas fábricas de Nova Iorque... O grito daquelas mulheres ecoa, hoje, cada vez mais forte, cada vez mais vivo, cada vez mais lancinante...Não devemos, jamais, esquecer daquelas mulheres de Nova Iorque...Elas, todas, estão hoje, na minha mãe!

Assim nascia a minha vida, quando nasceu a mais importante Mulher da minha vida. E desde então, passados 85 anos, ela continua sendo... Mãe, mulher forte, alegre, beata, e muito, muito engraçada quando estamos juntos contando loas. A canção de Rita Lee, em parte, já não se aplica mais a ela.  Mas  aquela mulher ainda bicho esquisito, cujos sentidos, todos e mais aquele, são muito maiores que a razão.

Não nasceu Maria, pois a preocupação geopolítica da época não tinha pensado ainda no marianismo, mas acredita que elas, mães, mulheres, marias ou não, tem aquela estranha mania de ter fé na vida. Solidárias, amigas, ternas, meigas, afetuosas, trabalhadoras, presidentas nesse mundo afora. E severa, sempre que necessário... Afinal elas têm o tal do sexto sentido.

Ela me ensinou a rezar, mas já não partilho daquela crença que ela ainda segue fielmente todas as noites. Recordo-me, porém, com um misto de alegria e afeto, dos momentos em que ela vinha à nossa rede para que, meninos, eu e o meu irmão, tirássemos as orações da noite...E tenho ainda o prazer, nestes dias, de ouvi-la cantar para mim suas canções preferidas...

Juvina Costa da Silva, minha mãe, ser humano, ser biológico, ser afetuoso, ser carinhoso que ouviu os meus primeiros gritos, é minha mãe. Quero gritar, com alegria estas palavras, neste dia em que se comemora a Luta constante pela Liberdade de todas as mulheres do mundo. E neste grito, quero felicitá-la pelos 85 anos de vida e de luta.

Parabéns, mamãe.

Um comentário:

  1. Parabéns, Dona Juvina, eu que tive o prazer de fazer parte do seu convivío. Parabéns, professor Nazareno, por nos brindar com um belíssimo texto tão verdadeiro, tocante, leve e poético.
    Vando

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