Juvina
Costa da Silva
8 de março de 1928. Nascia,
filha de Dindinha e Manoel Bernardino, Juvina Costa da Silva, Minha mãe. E o
mundo, através dela, naquele dia, ganhava mais uma entidade, mais uma
instituição, mais uma poesia, mais um grito de dor e de revolta, mais uma fêmea,
mais uma menina, mais uma moça, mais uma Mulher. E eu, sem sabê-lo, já tinha
garantida a minha mãe!
Setenta e cinco anos antes,
nascia o motivo desta simples homenagem. Mulheres foram queimadas vivas pelos
seus patrões, trancadas num galpão. Mulheres que gritavam pelos seus maridos e
filhos, mulheres que gritavam pelos seus direitos de cidadãs, mulheres que
gritavam pela Liberdade do Mundo... Nas fábricas de Nova Iorque... O grito
daquelas mulheres ecoa, hoje, cada vez mais forte, cada vez mais vivo, cada vez
mais lancinante...Não devemos, jamais, esquecer daquelas mulheres de Nova
Iorque...Elas, todas, estão hoje, na minha mãe!
Assim nascia a minha vida, quando nasceu a mais
importante Mulher da minha vida. E desde então, passados 85 anos, ela continua
sendo... Mãe, mulher forte, alegre, beata, e muito, muito engraçada quando
estamos juntos contando loas. A canção de Rita Lee, em parte, já não se aplica
mais a ela. Mas aquela mulher ainda bicho esquisito, cujos sentidos,
todos e mais aquele, são muito maiores que a razão.
Não nasceu Maria, pois a preocupação geopolítica da época não tinha pensado ainda no marianismo, mas acredita
que elas, mães, mulheres, marias ou não, tem aquela estranha mania de ter fé na
vida. Solidárias, amigas, ternas, meigas, afetuosas, trabalhadoras, presidentas
nesse mundo afora. E severa, sempre que necessário... Afinal elas têm o tal do
sexto sentido.
Ela me ensinou a rezar, mas
já não partilho daquela crença que ela ainda segue fielmente todas as noites. Recordo-me,
porém, com um misto de alegria e afeto, dos momentos em que ela vinha à nossa rede
para que, meninos, eu e o meu irmão, tirássemos as orações da noite...E tenho ainda o prazer, nestes dias, de ouvi-la cantar para mim suas canções preferidas...
Juvina Costa da Silva, minha
mãe, ser humano, ser biológico, ser afetuoso, ser carinhoso que ouviu os meus
primeiros gritos, é minha mãe. Quero gritar, com alegria estas palavras, neste
dia em que se comemora a Luta constante pela Liberdade de todas as mulheres do
mundo. E neste grito, quero felicitá-la pelos 85 anos de vida e de luta.
Parabéns, mamãe.
Parabéns, Dona Juvina, eu que tive o prazer de fazer parte do seu convivío. Parabéns, professor Nazareno, por nos brindar com um belíssimo texto tão verdadeiro, tocante, leve e poético.
ResponderExcluirVando