domingo, 8 de setembro de 2013

CRÔNICA - Não quero mais essa Macau

Quero a minha Macau de volta
Nem todas as vozes se calam. A crônica que segue é uma espécie de desabafo feito por um macauense que sente o abandono da sua terra nestes 138 anos de existência
Izan Lucena



Por favor, quero minha Macau de volta...
Não, não quero uma Macau cheia de rapazes e e moças entregando panfletos nas ruas para ganhar alguns trocados...Não, não quero uma Macau aonde os envolvidos na Operação Máscara Negra estejam todos soltos. Não quero uma Macau aonde os senhores vereadores são defensores do senhor prefeito, esquecendo que foram eleitos para representar o povo. Não, não quero uma Macau aonde o título de Cidadão Macauense é feita com critérios equivocados. Não, não quero uma Macau aonde a sua cultura é posta no chão (Teatro Hianto de Almeida e Casa da Cultura). Não, não quero uma Macau aonde o professor é tratado com falta de respeito. Não, não quero uma Macau aonde a corrupção impera... Aonde deveria imperar os ideais de Benito Barros. Não, não quero uma Macau aonde o prefeito já era um desastre anunciado nos quatro cantos da cidade. Não, não quero uma Macau cheia de jovens se drogando e roubando para sustentar o vício, terminando na cadeia ou no cemitério...Não quero a minha praia do Camapum, em Macau, com garotas raquíticas se oferecendo à luz do dia, ganhando algum, para ajudar as famílias ou seus filhinhos...E o mar esfolando os paredões de contenção avançando até não se sabe quando...Não, não quero a Maca das "festas", com pessoas "aparentando", consumindo e falando sem parar...Não, não quero a Macau onde as pessoas se distanciam uma das outras e ficam reclamando de solidão. Não, não quero uma Macau onde não posso (mais) andar às duas da madrugada, livremente, rindo e brincando...Não, não quero mais uma Macau cheia de catadores de lixo, que fazem uso disso (e somente disso) para garantir sua sobrevivência. Não, não quero uma Macau sem cultura, com o teatro no chão, sem boas escolas, sem emprego, sem saúde e sem perspectivas. Não, decididamente, não quero mais essa Macau!

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