MAIS UMA LIÇÃO DE LUTA, CORAGEM E DETERMINAÇÃO
Janeayre Souto*
Os trabalhadores em educação da rede estadual de ensino realizaram uma greve de 80 dias. O movimento grevista foi histórico na luta do funcionalismo público estadual e dos trabalhadores em educação do nosso estado.
Não vamos aqui classificar a greve como vitoriosa ou derrotada, mas constatar que os trabalhadores em educação responderam à necessidade colocada pela conjuntura. A categoria realizou uma denúncia contundente do descaso do governo de Rosalba Ciarline Rosado (DEM) com a educação pública no estado do Rio Grande do Norte.
Através da nossa greve, conseguimos nos contrapor à farta propaganda governamental e ao discurso vazio de retrovisor usado e alardeado pelo governo do DEM. Ainda expomos a cumplicidade da grande mídia que buscam apresentar uma imagem realizadora e competente do governo dos Democratas utilizando falsas informações.
Nossa forte presença nas ruas e na mídia levou ao conhecimento de toda a sociedade, quando denunciamos que o estado do Rio Grande do Norte paga uma dos piores salários do Brasil e um dos piores no Estado a seus professores. Situação inversa da grande maioria dos municípios do nosso estado que paga salários bem melhores aos profissionais do magistério.
Os 80 dias de greve construída pelos trabalhadores em educação foi uma das maiores da historia de nossa categoria. Denunciamos que o Governo Estadual faz caixa com os recursos públicos no lugar de garantir uma educação pública de qualidade para a população do nosso estado.
A ousadia, a bravura e a altivez dos trabalhadores em educação nos 80 dias de greve contribuíram para aumentar o grau de consciência da nossa categoria e, certamente, terá repercussões positivas nos próximos movimentos que realizaremos.
Estávamos cientes de que enfrentávamos um governo duro, intolerante, autoritário e sabíamos das conseqüências que poderiam advir. Mas não tínhamos alternativa, na medida em que não foram abertos canais concretos de negociação. Entramos e saímos da greve de cabeça erguida e não desistiremos de nossas reivindicações. Temos reafirmado que nem sempre uma greve produz resultados imediatamente.
A greve foi suspensa, mas a nossa luta continua, sempre lembrando que é necessário que, além das questões pontuais, lutemos pelas necessárias mudanças estruturais na condução política do nosso estado, para que os problemas fundamentais da educação pública estadual possam ser resolvidos. Com nossa luta, conseguimos avançar, fazendo com que o governo retrocedesse em relação a um conjunto de sanções que pretendia impor aos grevistas. Assim, com pressão e negociação, conseguimos impedir os descontos dos dias parados.
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É fato que a nossa greve conseguiu furar o bloqueio da mídia, obrigada a admitir, finalmente, que tínhamos motivos para lutar por melhorias salariais.
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É fato que a nossa greve conseguiu furar o bloqueio da mídia, obrigada a admitir, finalmente, que tínhamos motivos para lutar por melhorias salariais.
Entretanto, o comportamento dos grandes meios de comunicação foi de alinhamento com o governo do DEM, pregando a criminalização da nossa greve (como têm feito em relação ao conjunto dos movimentos sociais) e corroborando a falsa tese segundo a qual nosso movimento teve motivações partidárias.
Quando nos lembramos do poder judiciário, afirmamos que aqui no nosso estado temos a clareza que ele deixou transparecer uma forte evidência de que está comprometido com determinado projeto político, e isso nós nunca iremos esquecer. A recente decisão do pleno do TJ/RN de multar o SINTE e julgar a nossa greve ilegal, é uma decisão estapafúrdia, pois sequer levaram em conta os motivos justos que levaram a deflagração da nossa greve.
*Janeayre Souto, é diretora de Organização do SINTE, diretora da CUT/RN e suplente da direção Executiva da CNTE e GNS - Profissional da Educação.
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