quarta-feira, 7 de setembro de 2011

ESCRITA

Brasil precisa medir proficiência em escrita, dizem especialistas
 


Algumas avaliações criam escalas para mensurar o nível dos estudantes, mas ainda não há uma nacional

Marina Morena Costa

Diferentemente de Leitura e Matemática, o Brasil não tem como mensurar e comparar o desempenho dos estudantes na escrita. As redações dos estudantes são corrigidas em avaliações internas e externas, como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), sem uma escala que possibilite mensurar o nível de proficiência dos alunos em escrita. Já Leitura e Matemática, seguem a escala do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), na qual os pontos significam habilidades e competências.

Algumas redes e avaliações têm desenvolvido escalas próprias para medir o desempenho dos estudantes. A Prova ABC (Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização) (http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/exclusao+da+educacao+comeca+nos+primeiros+anos/n1597175985508.html), primeira avaliação externa aplicada a alunos do 3º ano do ensino fundamental de todas as capitais brasileiras, criou uma escala própria para medir a qualidade da alfabetização. “A criança só é considerada alfabetizada se ela lê e escreve. Por isso precisávamos medir a escrita”, afirma Nilma Fontanive, coordenadora do centro de avaliação da Fundação Cesgranrio e uma das responsáveis pela Prova ABC.

A Avalia Educacional, empresa responsável pela elaboração e aplicação de avaliações em instituições de ensino, trabalha na construção de uma escala para avaliar a escrita na rede estadual de Alagoas. As provas estão sendo aplicadas nesta semana e serão corrigidas com o uso da Teoria de Resposta ao Item (TRI) (http://ultimosegundo.ig.com.br/enem/tri+a+teoria+por+tras+do+novo+enem/n1237789481686.html), metodologia usada pelo Enem nas questões de múltipla escolha que permite produzir provas com o mesmo nível de dificuldade.

“Com o uso da TRI, criamos uma escala e passamos a ter uma medida comparável. O objetivo é que os resultados sejam compreendidos e utilizados para uma melhora da educação”, explica Renato Júdice, gerente da área técnica da Avalia e membro suplente do Conselho Fiscal da Associação Brasileira de Avaliação Educacional (Abave).

Para corrigir as redações com a TRI, a Avalia criou uma tábua com 16 critérios a serem avaliados, dentro de quatro eixos principais – desde os mais simples, como adequação ao tema até domínio da norma culta, coesão e argumentação das ideias. A correção é feita com base nesses critérios e o departamento de estatística gera o nível de proficiência dos alunos em escrita.

Amauri Gremaud, ex-diretor da área responsável pelas avaliações de educação básica no Brasil do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), trabalhou na elaboração da metodologia de correção das redações da Avalia. Ele ressalta a importância de padronizar as avaliações no País, mas acredita ser difícil adotar uma escala única, que meça desde o início da alfabetização até o fim do ensino médio. “Precisamos avaliar a escrita com mais rigor. Isso é importante e falta”, analisa.

Nilma destaca que uma escala em escrita possibilitaria a interpretação dos resultados e posicionaria os alunos sobre o nível de desempenho deles. A especialista, em coautoria com o consultor da Cesgranrio Ruben Klein, apresentou em um artigo, uma proposta de usar a TRI na correção da redação do Enem. “Podemos caminhar para uma escala nacional, se o Inep pensar em colocar a escrita no Saeb”, aponta. 

Fonte: janeayresouto.com

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